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ENTENDENDO A TENDINITE: UM GUIA PARA PACIENTES

Como ortopedista, frequentemente me deparo com pacientes que sofrem de tendinite, uma condição comum, mas muitas vezes mal compreendida. Neste blog, vamos explorar o que são tendões, o que é a tendinite, seus sintomas, diagnóstico, causas e tratamentos disponíveis – incluindo o tratamento por ondas de choque – e o mais importante: como preveni-la. 

 

O que são tendões? 

Tendões são cordas fibrosas de tecido conjuntivo que conectam os músculos aos ossos. Eles são essenciais para o movimento, pois transmitem a força do músculo para o esqueleto, permitindo-nos mover nossas articulações. Os tendões são fortes, mas não são muito flexíveis, o que os torna suscetíveis a lesões quando sobrecarregados. 

 

O que é tendinite? 

A tendinite é a inflamação ou irritação de um tendão. Essa condição pode causar dor e sensibilidade, principalmente ao redor das articulações. 

Pode ocorrer em várias partes do corpo, sendo mais comum em: 

  • ombros (tendinite do manguito rotador); 
  • cotovelos (epicondilite lateral, conhecida como cotovelo de tenista; e epicondilite medial, ou cotovelo de golfista); 
  • pulsos (tendinite de De Quervain); 
  • joelhos (tendinite patelar); 
  • tornozelos (tendinite de Aquiles). 

 

Identificando os sintomas da tendinite e quando procurar um médico 

Os sintomas da tendinite podem variar, mas geralmente incluem dor aguda, sensibilidade, rigidez e inchaço na área afetada. Esses sinais são indicativos que um tendão pode estar inflamado ou irritado. É importante destacar que, ao perceber o aparecimento de algum desses sintomas, é essencial procurar um ortopedista para um diagnóstico preciso. Um profissional especializado poderá avaliar a condição adequadamente e recomendar o melhor tratamento, evitando agravamentos ou complicações.  

 

Pessoas mais predispostas a desenvolver tendinite incluem: 

  • Atletas: especialmente os que praticam esportes com movimentos repetitivos, como tênis, golfe, corrida ou basquete. 
  • Profissionais de outras áreas: músicos, pintores, carpinteiros, e aqueles que realizam movimentos repetitivos ou mantêm posturas forçadas por longos períodos. 
  • Indivíduos com certas condições médicas: inclui diabetes ou artrite reumatoide. 
  • Pessoas de idade avançada: devido à diminuição da elasticidade e força dos tendões com a idade. 

 

Como é realizado o diagnóstico da tendinite 

O diagnóstico da tendinite é um processo que envolve várias etapas, permitindo ao médico ortopedista identificar a condição e diferenciá-la de outras possíveis causas de dor e desconforto nas articulações.  

Veja de forma mais detalhada como o diagnóstico é realizado: 

Avaliação clínica inicial 

  • Histórico médico: o médico começará com uma discussão detalhada sobre o histórico médico do paciente, incluindo quaisquer lesões anteriores, atividades que podem ter contribuído para os sintomas e a presença de condições médicas que possam predispor à tendinite. 
  • Análise dos sintomas: o paciente será questionado sobre a natureza da dor, sua localização, intensidade, duração e quaisquer atividades ou movimentos que agravem ou aliviem os sintomas. 

 

Exame físico 

  • Inspeção e palpação: o médico examinará a área afetada, procurando por sinais de inchaço, vermelhidão ou calor. A palpação (pressão) será usada para identificar a área exata da dor e sensibilidade. 
  • Testes de movimento: o ortopedista pode pedir ao paciente para realizar movimentos ou exercícios específicos para avaliar a amplitude de movimento, força muscular e identificar movimentos que provocam dor. 

 

Exames de Imagem 

  • Ultrassonografia: esse exame pode ser usado para visualizar o tendão afetado, identificando inflamação, degeneração ou rupturas. 
  • Ressonância Magnética (RM): embora menos comum para diagnóstico de tendinite, a RM pode ser utilizada em casos em que a ultrassonografia não é conclusiva, ou para avaliar a extensão do dano ao tendão. 

 

Testes adicionais 

Em alguns casos, podem ser necessários testes adicionais para descartar outras condições, como artrite ou problemas nos nervos. Exames de sangue também podem ser solicitados para verificar a presença de condições inflamatórias sistêmicas. 

Com base nos resultados da avaliação clínica, exame físico e exames de imagem, o ortopedista poderá diagnosticar a tendinite. É importante um diagnóstico preciso para que o tratamento adequado seja iniciado, evitando complicações e promovendo uma recuperação eficaz. 

Se necessário, o ortopedista pode encaminhar o paciente para um fisioterapeuta ou outro especialista para tratamentos complementares, como fisioterapia ou terapia ocupacional, que são fundamentais no processo de recuperação e reabilitação. 

 

Conheça quais são as possíveis causas da tendinite 

A tendinite é uma condição resultante da inflamação ou irritação de um tendão. Várias causas podem contribuir para o desenvolvimento dessa condição, e compreendê-las é crucial para prevenção e tratamento eficazes.  

Veja oito causas mais comuns da tendinite: 

Uso excessivo e repetitivo 

  • Movimentos repetitivos: atividades que envolvem movimentos repetitivos, como digitar, pintar, ou praticar certos esportes (como tênis ou golfe), podem sobrecarregar os tendões ao longo do tempo. 
  • Posturas prolongadas: manter a mesma posição por longos períodos, especialmente em posturas inadequadas, pode aumentar a tensão nos tendões. 

 

Sobrecarga e trauma 

  • Esforço excessivo: levantar objetos pesados ou um aumento súbito na intensidade do exercício pode causar microlesões nos tendões. 
  • Impacto direto: um trauma esportivo pode iniciar um processo inflamatório. 

 

Condições médicas 

  • Doenças inflamatórias: condições como artrite reumatoide podem predispor à inflamação dos tendões. 
  • Distúrbios metabólicos: doenças como diabetes podem afetar a saúde dos tendões, tornando-os mais propensos a lesões. 

 

Fatores relacionados à idade 

  • Degeneração natural: com o envelhecimento, os tendões perdem elasticidade e se tornam mais frágeis, aumentando o risco de tendinite. 
  • Diminuição da circulação sanguínea: a circulação sanguínea reduzida em idosos pode retardar a cura e recuperação dos tendões. 

 

Estilo de vida e fatores ambientais 

  • Falta de exercício: um estilo de vida sedentário pode enfraquecer os músculos e tendões, tornando-os mais suscetíveis a lesões. 
  • Equipamento inadequado de trabalho: o uso de equipamentos inadequados ou ergonomia pobre no trabalho e durante atividades esportivas pode aumentar o risco de tendinite. 

 

Fatores genéticos e biomecânicos 

  • Predisposição genética: algumas pessoas podem ter uma predisposição genética para problemas nos tendões. 
  • Desalinhamentos ou desequilíbrios musculares: desequilíbrios musculares ou desalinhamentos biomecânicos podem aumentar a tensão em certos tendões. 

 

Mudanças hormonais 

  • Gravidez e menopausa: mudanças hormonais durante a gravidez e a menopausa podem afetar a saúde dos tendões. 

 

Medicamentos 

Uso de certos medicamentos: alguns medicamentos, como certos tipos de antibióticos e esteroides, podem aumentar o risco de tendinite. 

 

Compreender essas causas é fundamental para adotar medidas preventivas e abordagens de tratamento adequadas. Se você suspeita que pode estar sofrendo de tendinite, é importante consultar um médico para um diagnóstico e plano de tratamento personalizado. 

 

Tratamentos para tendinite 

O tratamento da tendinite foca em aliviar a dor e reduzir a inflamação. As opções incluem repouso, gelo, medicamentos, fisioterapia, tratamento por ondas de choque e, em casos mais graves, injeções de corticosteroides ou cirurgia. 

 

A eficiência do tratamento por ondas de choque na tendinite 

Uma opção de tratamento relativamente nova e eficaz para a tendinite é a terapia por ondas de choque. Esse método não-invasivo utiliza ondas de choque para estimular a cura no tendão afetado. As ondas de choque são ondas acústicas de alta energia que promovem a regeneração e os processos reparativos nos tendões e outros tecidos moles. 

Recentes estudos científicos têm destacado a eficácia do tratamento por ondas de choque nas tendinites, enfatizando particularmente a redução no tempo de tratamento nec

essário. Esse método inovador promove a cura ao estimular os processos naturais de reparação do corpo, ao mesmo tempo que alivia a dor e diminui a inflamação. 

Uma análise abrangente de 1.774 artigos publicados entre 2000 e 2021 revelou insights significativos sobre a aplicação das ondas de choque no tratamento da tendinite. Esses estudos reforçam a posição das ondas de choque como um tratamento promissor e eficaz, oferecendo uma alternativa não-invasiva e com menos efeitos colaterais em comparação com tratamentos tradicionais. A terapia por ondas de choque está se tornando uma opção cada vez mais popular para pacientes que buscam alívio rápido e eficaz dos sintomas da tendinite, sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos ou longos períodos de recuperação. 

Dr José Fábio Santos Duarte Lana

  • Graduado em Medicina com Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
  • Fellowship em Medicina Esportiva realizado em Barcelona, na Espanha.
  • Especializações em Traumatologia Desportiva, Cirurgia do Ombro e Cotovelo, Cirurgia Artroscópica e Cirurgia do Joelho.
  • Diplomado pelo American Board of Regenerative Medicine (ABRM) e Fellow pela American Academy of Regenerative Medicine (FAARM).
  • Membro ativo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Terapia por Ondas de Choque (SBTOC).